Júbilo na Promessa Cumprida

“Cante, ó filha de Sião! Grite de alegria, ó Israel! Alegre-se e exulte de todo o coração, ó filha de Jerusalém. O Senhor retirou as sentenças que eram contra você e afastou os seus inimigos. O Rei de Israel, o Senhor, está no meio de você; você não precisa mais temer nenhum mal. Naquele dia, se dirá a Jerusalém: “Não tenha medo, ó Sião, não desfaleçam as suas mãos.” O Senhor, seu Deus, está no meio de você, poderoso para salvar. Ele ficará muito contente com você. Ele a renovará no seu amor, e se encherá de júbilo por causa de você. “Congregarei os que estão entristecidos por se acharem afastados das festas solenes, estes que são do seu meio e sobre os quais pesam afrontas. Eis que, naquele tempo, agirei contra todos os que a afligem. Salvarei os que coxeiam e recolherei os que foram expulsos. Farei deles um louvor e um nome em toda a terra em que foram envergonhados. Naquele tempo, farei com que vocês voltem e os recolherei. Certamente farei de vocês um nome e um louvor entre todos os povos da terra, quando eu restaurar a sorte de vocês diante dos seus próprios olhos”, diz o Senhor. (Sofonias 3.14-20).

No terceiro domingo do Advento somos guiados pelas palavras do profeta Sofonias, que ecoam através dos séculos proclamando um chamado ao jubilo diante da promessa cumprida. O texto em Sofonias 3.14-20 ressoa na tradição protestante reformada como uma exortação à alegria diante da redenção que se aproxima com o nascimento do Salvador, Jesus Cristo.

Nossa fé traz muita ênfase na soberania de Deus e na redenção pela graça, encontra eco na mensagem de Sofonias. O profeta convoca o povo a cantar e regozijar-se, pois o Senhor está no meio deles. Esse chamado à alegria não se baseia em circunstâncias favoráveis, mas na presença constante e redentora de Deus. Neste Advento, somos convidados a cultivar um espírito jubiloso, não apenas diante das bênçãos, mas na certeza da presença redentora de Deus em todas as estações da vida.

Sofonias destaca a natureza jubilosa da relação restaurada entre Deus e seu povo. O Senhor remove a punição, vira o juízo e restaura a alegria. O Advento nos lembra que a vinda de Cristo não é apenas uma resposta a uma necessidade, mas uma expressão do amor redentor de Deus. Ao contemplarmos o nascimento do Salvador, somos convidados a regozijar-nos não apenas na salvação pessoal, mas na restauração de um relacionamento quebrado pela queda.

A alegria proclamada por Sofonias não é superficial, mas profunda e transformadora. É uma alegria que resulta da compreensão da obra redentora de Deus ao longo da história. O Advento é um tempo para relembrar a fidelidade de Deus, desde a promessa feita no Jardim do Éden até o cumprimento final em Jesus Cristo. Essa alegria transcende as circunstâncias transitórias, tornando-se uma fonte constante de fortaleza e esperança.

A tradição reformada, totalmente fundamentada na Escritura (Sola Scriptura), destaca a importância das Palavra de Deus como único guia possível para a vida cristã. Neste Advento, somos desafiados a mergulhar nas palavras proféticas de Sofonias, buscando compreender mais plenamente a alegria que permeia a narrativa da redenção. A alegria do Advento não é uma emoção passageira, mas uma disposição do coração cultivada pela confiança na fidelidade de Deus.

Sofonias também aponta para a transformação interior que acompanha a redenção. O Senhor aplica o julgamento a Cristo, e somos renovados no amor e exultamos com cânticos de alegria e com coração contrito pela ação do Salvador. O Advento não é apenas uma celebração do que Deus fez externamente, mas um convite à transformação interior à medida que nos aproximamos da manjedoura. Que possamos permitir que a alegria da redenção inunde nossos corações, transformando-nos à imagem daquele cujo nascimento celebramos.

O terceiro domingo do Advento nos lembra que a alegria cristã é mais do que uma resposta emocional; é uma disposição do coração baseada na verdade da redenção. À medida que nos preparamos para celebrar o nascimento do Salvador, que nossos corações se encham de jubilo, não apenas pelas bênçãos recebidas, mas pela maravilha da presença redentora de Deus em nossa vida. Que cada nota de cântico ecoe com a alegria do Advento, testemunhando ao mundo a promessa cumprida na encarnação de Jesus Cristo. Que, assim como o povo de Deus em tempos de Sofonias, possamos viver na certeza de que o Senhor está no meio de nós, trazendo salvação, alegria e renovação.

Joel Theodoro

É pastor efetivo da Ig. Presbiteriana do Bairro Imperial, no Rio de Janeiro, RJ. Integra o ministério Charles Simeon Trust no Brasil e é docente nos seminários Martin Bucer (SP) e SETECEB (Anápolis) e na Faculdade Presbiteriana Mackenzie-Rio. Bacharel em Letras (UFRJ), em Filosofia (CETAI) e em Teologia (Filadélfia). Mestre em Ciência da Literatura (UFRJ), Doutor em Ministério (RTS/CPAJ) e Doutorando em Letras Clássicas (Estudos Interdisciplinares da Antiguidade, UFRJ). Casado há 30 anos com Roberta, é pai de Gabriel e Rafaela.

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