Quero me valer do excelente e oportuno Trabalho de Conclusão de Curso do Seminário Martin Bucer, onde ministro aulas e reviso os trabalhos finais. O tema deste trecho em destaque é do aluno Éder Mattos1. O texto a seguir é integralmente dele. Boa leitura!
Segundo a determinação de Westminster um culto reformado confessional caracteriza-se por ser: Bíblico, Trinitário, Pactual, Evangélico, Histórico, Litúrgico, Alegre e Reverente.
Bíblico: O culto segundo a determinação de Westminster é Bíblico. Como Igrejas reformadas, fazemos o que fazemos no culto por causa das Escrituras. Cremos que Deus prescreveu os elementos de culto e que ele regula em sua Palavra, como temos que adorá-lo. A Adoração é segundo a sua vontade: “Tudo o que eu te ordeno observarás; nada lhe acrescentarás, nem diminuirás” (Dt 12.32). Adoração reformada provém das Escrituras.
Trinitário: O culto é honra e glória devida ao Deus Pai, Filho e Espírito Santo. O que nos torna essencialmente reformados é nossa forte ênfase em adorar o Deus Trino. Não há desequilíbrio na adoração reformada em relação às Pessoas da Trindade. A revelação da Trindade na Escritura demanda que a nossa liturgia reflita isso. Nossa adoração deve ser sempre dirigida ao Pai, pela Mediação do Filho, no poder do Espírito Santo.
Pactual: Na tradição reformada o culto tem caráter pactual, ou seja, é sempre uma resposta obediente ao convite, ou melhor, à própria ordem de Deus a qual ele expressa em sua Palavra. É dentro da teologia da aliança (pacto) que encontramos a expressão do culto reformado e esse pacto da graça é renovado a cada semana na exposição fiel das Escrituras, na administração dos Sacramentos.
Evangélico: O culto reformado é caracterizado pela evangelicidade. A liturgia reformada preserva a centralidade de Cristo e da sua obra redentora. Um serviço de culto sem o evangelho é um culto sem Cristo. E sem Cristo não há acesso a Deus (Jo 14.6). Ele é o nosso sumo sacerdote (Hb 4.14-16) e único mediador (1Tm 2.5).
Histórico: O culto reformado não é fruto da imaginação dos reformadores. Ele tem suas raízes históricas desde o Antigo Testamento, mais especificamente na liturgia da sinagoga. Seus elementos e princípios estão de acordo com o ensino apostólico, com os pais da Igreja e com os reformadores, principalmente João Calvino e a determinação de Westminster.
Litúrgico: Embora não tenhamos uma regra específica de ordem de culto, temos várias maneiras Bíblicas de formular nossa liturgia de forma ordenada. Nunca em toda história da igreja a liturgia foi de qualquer jeito ou desordenada. Os elementos devem ser ordenados de maneira lógica e temática. Cada movimento litúrgico deve ser conectado ao ato anterior e ao posterior.
Espiritual: O culto reformado não é somente em verdade (bíblico), mas também espiritual. Muitas vezes somos acusados de ter um culto “frio” meramente intelectual. Adoração genuína é aquela que é oferecida em espírito e em verdade, é segundo as Escrituras e espiritual, que vem de um coração quebrantado e um espírito contrito.
Reverente e Alegre: O culto reformado não é um ofício fúnebre. Não é sombrio, é sóbrio. A razão para reverência é que estamos diante do Deus Trino que é Santo. O autor aos Hebreus nos adverte: “[…] sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hb 12.28-29). No entanto isso não significa que a adoração seja algo chato, frio e sem graça. O mesmo Deus que nos ensina a servir com reverência, é o mesmo que nos pede que o sirvamos com alegria: “Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras. Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico” (Sl 100.1-2). Essa junção de reverência e alegria é uma marca distintiva de um culto reformado e confessional.
Do seu pastor, Rev. Joel Theodoro
1 MATTOS, Eder Alves de. Características do culto confessional na perspectiva de Westminster. In: O culto público na perspectiva de Westminster / Eder Alves de Mattos. – São José dos Campos: SMB, 2017